Vance diz que Musk se tornou 'nuclear', mas que espera sua volta à 'turma'

Dias após a troca pública de acusações e insultos entre Donald Trump e Elon Musk, o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, afirmou que o bilionário sul-africano se tornou "nuclear", mas ponderou que espera sua volta à "turma" de aliados do republicano.
O que aconteceu
JD Vance afirmou que Musk cometeu "grande erro" ao atacar Trump. Em entrevista transmitida pelo canal do comediante Theo Von, Vance declarou: "Existiram frustrações [de Musk, em relação a medidas da gestão Trump], mas acho um grande erro ele ter ido atrás do presidente dessa forma".
"Espero que, eventualmente, Elon volte à turma", disse na sequência. "Talvez isso não seja possível agora, porque ele está tão nuclear", acrescentou o vice-presidente.
Vance ressaltou sua "lealdade" a Trump e classificou Musk como "um cara emotivo" e "novo na política". "Acredito que ele [Musk] olhou para o orçamento [federal], não gostou, (...) e tem o direito de ter uma opinião. Mas acredito que é um grande erro o homem mais rico do mundo entrar em guerra com o homem mais poderoso", afirmou. Na sequência, completou: "Se Elon e o presidente se tornarem rivais, isso não será bom para o EUA, mas também não acho que será bom para Elon".
Ele também negou as acusações de Musk contra Trump. Durante a semana, o dono do X acusou o presidente de envolvimento no esquema de abuso sexual de jovens por Jeffrey Epstein. Questionado sobre o assunto, Vance respondeu: "De jeito nenhum. Donald Trump não fez nada de errado com Jeffrey Epstein".
Relembre a briga
Musk e Trump entraram em embate público no início da semana, quando dono do X chamou o novo orçamento federal de "abominação repugnante". O bilionário divulgou em sua rede social na última terça-feira: "Desculpe, mas não aguento mais isso. Esse projeto de lei de gastos do Congresso, enorme, escandaloso e eleitoreiro, é uma abominação repugnante. Os que votaram a favor deveriam sentir vergonha: sabem que fizeram errado. Eles sabem". A manifestação ocorreu dias após Musk deixar de ser um dos conselheiros mais próximos do republicano.
Projeto orçamentário é eixo central da agenda política interna de Trump. A proposta reduz drasticamente o orçamento para financiar uma extensão de seus cortes de impostos de 2017. Críticos afirmam que a medida privará os mais pobres de cobertura de saúde. A proposta inclui um imposto às remessas de 3,5%. Seria aplicado a 40 milhões de pessoas, entre titulares de vistos de residência, trabalhadores temporários e imigrantes em situação irregular, calcula o Centro para o Desenvolvimento Global (leia mais aqui).
Dois dias depois, Trump sugeriu que poderia romper os contratos que o governo mantém com empresas de Musk. O presidente escreveu que a medida economizaria bilhões de dólares ao governo. "A maneira mais fácil de economizar bilhões e bilhões de dólares em nosso orçamento é encerrar os subsídios e contratos governamentais de Elon Musk. Sempre me surpreendi que Biden não tenha feito isso!", publicou o presidente em sua rede social Truth.
Republicano disse ainda que pediu para Musk deixar o governo e o chamou de louco. "Elon estava se desgastando. Pedi para ele sair, retirei seu 'mandato de veículos elétricos', que forçava todo mundo a comprar carros elétricos que ninguém mais queria (o que ele sabia há meses que eu faria!). E ele simplesmente ficou louco!", divulgou.
Após os posts de Trump, Musk fez uma publicação no X em que liga o presidente a um escândalo sexual. O bilionário citou que o republicano aparece na lista de pessoas que frequentaram as festas de Jeffrey Epstein, empresário já morto e que tinha associação com uma rede de prostituição e exploração de menores.
Epstein foi acusado de abusar sexualmente de dezenas de meninas menores de idade no início dos anos 2000. O caso chamou atenção devido às ligações de Epstein com membros da realeza, presidentes e bilionários. Em fevereiro deste ano, Trump anunciou que iria publicar os documentos do processo, mas o que foi liberado ao público decepcionou as vítimas e foi alvo de críticas, diante da decisão de manter centenas de páginas ainda sob sigilo.
O dono do X também criticou as tarifas impostas por Trump contra outros países. "As tarifas de Trump causarão uma recessão no segundo semestre deste ano", escreveu.
Em 30 de maio, Trump oficializou a saída de Musk do governo. Os dois fizeram um pronunciamento em conjunto na Casa Branca. Na ocasião, o presidente disse que o dono do X permaneceria como conselheiro do Departamento de Eficiência Governamental. Trump afirmou que a agem do empresário pelo governo foi importante, pois gerou corte de milhões em gastos vistos por ele como desnecessários, como em programas de diversidade e de apoio a imigrantes.