Rússia amplia ataques a Kharkiv em meio a disputa por troca de corpos
Rússia amplia ataques a Kharkiv em meio a disputa por troca de corpos - Prefeito disse que ação foi "ataque mais grave" contra a 2ª maior cidade ucraniana desde o início da guerra. Moscou acusa Kiev de não cumprir acordo firmado em Istambul.A Rússia ampliou sua ofensiva contra Kharkiv neste sábado (07/06), atingindo a região central da segunda maior cidade da Ucrânia com um míssil, bombas e drones. Cinco civis morreram e 61 ficaram feridos.
A escalada de ataques acontece em meio a um ime sobre a troca de prisioneiros de guerra e de 6 mil corpos de soldados mortos que havia sido acordada na última rodada de negociações. Os dois países acusam o outro lado de sabotar o pacto feito na última segunda-feira, em Istambul.
Segundo o governador militar de Kharkiv, Oleh Syniehubov, um homem de 62 anos e uma mulher de 30 anos morreram em um ataque com bombas direcionadas contra uma região residencial da cidade no fim da tarde de sábado.
Os explosivos danificaram dois prédios, vagões de trem e duas casas. Segundo Syniehubov, a área atingida é popular entre famílias que costumam ar seu tempo livre aos fins de semana.
Segundo o presidente ucraniano Volodimir Zelenski, mais de 40 pessoas ficaram feridas no ataque com bombas planadoras. "Isso não tem nenhum sentido militar. É puro terrorismo", escreveu Zelenski no Telegram.
Na manhã de sábado, o prefeito de Kharkiv, Ihor Terekhov, relatou outras três mortes em bombardeios russos, que também atingiram prédios residenciais. Os ataques feriram 21 pessoas, incluindo um bebê e uma menina de 14 anos. Nesta ofensiva, a Rússia usou 53 drones, quatro bombas planadoras e um míssil, afirmaram autoridades ucranianas.
Terekhov afirmou que este é o ataque mais grave que a cidade sofreu desde o início da guerra, há mais de três anos. Kharkiv fica próxima à fronteira com a Rússia e tem sido repetidamente alvo de bombardeios russos.
Em toda a Ucrânia, ao menos 10 pessoas morreram em bombardeios deste tipo ao longo do sábado. A Força Aérea do país informou que a Rússia disparou 206 drones e nove mísseis durante o ataque noturno.
Troca de prisioneiros em disputa
Os ataques acontecem enquanto Rússia e Ucrânia disputam a implementação de uma troca de prisioneiros e da devolução de corpos de soldados.
Nas conversas realizadas em Istambul na segunda-feira, Kiev e Moscou concordaram em libertar todos os soldados feridos e prisioneiros com menos de 25 anos – mais de mil pessoas de cada lado.
A Rússia também prometeu devolver os restos mortais de 6 mil soldados ucranianos mortos.
O principal negociador russo, Vladimir Medinsky, escreveu no Telegram neste sábado que estava aguardando no ponto de entrega com 1.212 corpos congelados em caminhões refrigerados, prontos para iniciar a devolução, mas que os representantes ucranianos não compareceram. Outros corpos também estariam a caminho.
Ele afirmou ainda que uma lista com 640 detentos foi entregue à Ucrânia para a primeira troca de prisioneiros planejada.
O Ministério da Defesa russo divulgou um vídeo em que mostra sacos brancos, supostamente contendo os corpos, sendo transportados em caminhões. A pasta disse que "o lado ucraniano ainda se recusa a definir uma data" para a primeira etapa da troca. Medinsky acusou a Ucrânia de não cumprir o acordo e de atrasar o processo.
A Ucrânia respondeu que o horário da entrega não havia sido acordado, tendo sido imposto unilateralmente pelos russos.
Em comunicado no Telegram, o grupo ucraniano se referiu a "jogos sujos" e pediu que o lado russo retomasse o diálogo construtivo.
A implementação dos acordos pode ocorrer "nos próximos dias", afirmaram os ucranianos, que rejeitaram as acusações russas de que estariam atrasando a troca de prisioneiros e a devolução dos corpos.
Ucrânia critica listas falhas de prisioneiros
As autoridades ucranianas afirmaram que também entregaram suas listas para a troca de prisioneiros à parte russa, conforme estipulado no acordo.
No entanto, o grupo reclamou que Moscou enviou listas que não estavam previstas. A troca deveria acontecer entre este sábado e domingo.
Esta deve se tornar a maior troca desde o início da guerra, superando a realizada no mês anterior, quando mil prisioneiros foram libertados de cada lado após a primeira rodada de negociações em Istambul.
Apesar das negociações, não houve avanço concreto em direção ao fim do conflito.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, impôs várias exigências como pré-condições para uma trégua, incluindo a retirada total das tropas ucranianas de quatro regiões que a Rússia reivindica e o fim do apoio militar ocidental à Ucrânia.
Zelensky rejeitou essas condições como "ultimatos antigos" e reiterou neste sábado o apelo por mais sanções contra Moscou.
gq (dpa, afp)