No novo mundo geopolítico, Brasil precisa manter postura pendular, avalia especialista
No novo mundo geopolítico, o Brasil precisa manter uma postura pendular e não ser um aliado condicional dos Estados Unidos ou da China, na avaliação do diretor de Pesquisa Econômica do Banco Pine, Cristiano Oliveira. Em encontro com jornalistas em São Paulo na sexta-feira, 13, ele mencionou que, além do Brasil, países como Arábia Saudita e Cingapura também possuem a "opção" de ter essa postura, já que se beneficiam tanto da força norte-americana, como também da chinesa.
Segundo o especialista, o México, porém, não tem como adotar esse tipo de postura, considerando sua alta dependência dos EUA.
"Existe uma nova globalização. Blocos econômicos substituem a competição global, que é o mundo multipolar", disse Oliveira.
'Invasão' chinesa
Na avaliação do diretor de Pesquisa Econômica do Banco Pine, a China possui o "próprio quintal" de comércio, mas está começando a "invadir o quintal americano", como a Groenlândia e o Panamá, o que transforma a geoeconomia e afeta a economia e a geopolítica mundial.
Segundo ele, o "problema" dos EUA é com o ganho de potência chinês no mundo. "A China é a principal parceira comercial de 127 países do mundo de um total de 193", ressalta, ao mencionar que o presidente do país asiático, Xi Jinping, favorece a demanda doméstica.
Para o especialista, a China também se destaca pela educação. "O capital humano na China está fazendo toda a diferença. Por exemplo, é o país que mais forma engenheiros no mundo, logo tem o maior capital humano, maior produtividade e maior crescimento de longo prazo", disse.
Outra riqueza chinesa, diz Oliveira, sãos os elementos de terras raras, que são utilizados em veículos elétricos e celulares. O diretor destaca ainda que o país possui a ideia de crescimento forte e acelerado, bem como um projeto para 2025, que visa transformar o país em líder mundial em 10 setores, inclusive em alta tecnologia relacionada ao complexo militar/defesa, TI/IA/maquinário agrícola.
"Mesmo com a covid-19, eles conseguiram a liderança em nove setores. Eles também possuem o 'China 2035', que tem como objetivo fazer com que a China tenha aumento de renda per capita, como em países europeus", afirma ele.
Oliveira pontua também que o aumento do superávit chinês vem de mercados emergentes, sendo a própria China um destaque positivo nos últimos 40 anos entre países emergentes, assim como Índia e Coreia do Sul. "Brasil e África do Sul tiveram desempenho medíocre no período, enquanto a Argentina é o destaque negativo", acrescenta.