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Professor: Israel não tem capacidade para destruir programa nuclear do Irã

do UOL

Do UOL, em São Paulo

13/06/2025 13h48

Apesar do poderio militar estrondoso, Israel não tem capacidade de destruir o programa nuclear do Irã, neste momento, afirmou o professor de Relações Internacionais Rodrigo Amaral no UOL News, do Canal UOL.

Em termos práticos, esse ataque foi muito grave, foi extremamente agressivo, mas Israel não tem capacidade de destruir o programa nuclear iraniano. Isso porque Israel já tem investido muito, obviamente com apoio americano, em guerras em outros espaços. Rodrigo Amaral, professor de Relações Internacionais

Na madrugada de hoje, Israel fez uma série de ataques conta o Teerã, capital do Irã. A ação foi classificada por israelense como "ataque preventivo" contra a "ameaça iminente". O bombardeio matou dois líderes militares do Irã. O país respondeu com o envio de mais de cem drones.

O Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) se reunirá na tarde de hoje, em caráter de emergência, após receber uma carta oficial do governo iraniano denunciando o ato e alertando que irá retaliar.

Ao Canal UOL, o professor disse que, neste momento, uma guerra total não interessaria a nenhum dos lados.

No sul do Líbano, em Gaza, evidentemente o genocídio contra os Hutis e ataques menores na Síria, por exemplo. Então, não existe essa possibilidade de uma incursão total israelense [contra o Irã]. Então, sem dúvida nenhuma, os iranianos calculam isso também na sua resposta.

Uma guerra total, racionalmente, não interessa a ninguém. Não interessa a Israel, não interessa ao Irã e aparentemente não interessa também aos Estados Unidos um investimento desse tamanho.

Israel quer ser uma potência hegemônica nuclear no Oriente Médio. E o que a gente pode observar, historicamente, pelo menos depois da Revolução de 79 no Irã, é que os Estados Unidos endossam essa agenda israelense. Rodrigo Amaral, professor de Relações Internacionais

Oficialmente, Irã não possui armas nucleares

O programa nuclear do Irã é uma iniciativa científica para o uso da energia nuclear iniciada na década de 1950. Segundo o país, ele é voltado para fins pacíficos e segue os princípios do Tratado de Não Proliferação Nuclear. No entanto, a comunidade internacional teme que o país esteja tentando construir uma bomba atômica

A Arms Control Association, organização norte-americana que monitora os arsenais nucleares pelo mundo desde 1971, divulga que apenas nove países possuem bombas nucleares. São eles: EUA, Rússia, China, França, Reino Unido, Paquistão, Índia, Israel e Coreia do Norte.

O país é o único estado não nuclear que enriquece urânio a 60%, segundo a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica). O país defende o direito ao desenvolvimento nuclear com fins civis, como a geração de energia, e afirma que não aceitará limites nesse aspecto.

Em 2015, após anos de negociação, um acordo foi firmado entre o Irã e a comunidade internacional. Na época, o país concordou em diminuir as atividades nucleares em troca do alívio das sanções econômica impostas contra a República Islâmica

Jamil: Após ofensiva, diplomatas acreditam que Irã foi vítima de emboscada

No UOL News, o colunista Jamil Chade apurou que, horas após o bombardeio de Israel contra o Irã, diplomatas disseram acreditar que o país islâmico pode ter sido enganado com falsa promessa e, com isso, vítima de uma emboscada.

O que aconteceu? Por semanas o governo de Donald Trump negociou com o Irã. É verdade que ele tinha colocado esse prazo, mas os prazos de Donald Trump mudam conforme, obviamente, o percurso dessa negociação acontece. Isso acontece no comércio, isso acontece na questão migratória, isso acontece em absolutamente todas as esferas de atuação de Donald Trump.

Portanto, não era um prazo fixo, no sentido de que depois disso não haveria negociação, e o que aconteceu é que nessa semana inclusive foi proposto, e foi, na verdade, organizada uma reunião para o próximo domingo entre as diplomacias americanas.

Isso seria no próximo domingo. E nós tivemos ontem essa, entre aspas, já hoje, na sexta-feira, no horário iraniano, esse ataque. Uma emboscada para muitos diplomatas, mostrando que talvez o Irã tenha sido enganado com a promessa de uma negociação.

Uma emboscada que talvez seja até histórica em termos diplomáticos, mostrando, claro, que a intenção negociadora dos americanos talvez não tenha sido feita de tão boa-fé. É aquele princípio que nós já vimos em outros lugares do mundo com o governo de Donald Trump. É a paz, mas a paz pela força, é a paz imposta, é a paz de uma proposta específica, se não for dessa forma, é pela via militar. Jamil Chade, colunista do UOL

Brasil reage a ataque

O governo brasileiro chamou a ofensiva de "uma clara violação à soberania desse país e ao direito internacional". "Os ataques ameaçam mergulhar toda a região em conflito de ampla dimensão, com elevado risco para a paz, a segurança e a economia mundial", diz a nota.

O Estado brasileiro diz ainda acompanhar a ofensiva "com forte preocupação". Os ataques foram feitos de madrugada, em ação que Israel chamou de "ataque preventivo" contra a "ameaça iminente", e matou dois líderes militares do Irã. O país respondeu com o envio de mais de cem drones.

O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h, com apresentação de Fabíola Cidral, e às 17h, com Diego Sarza. Aos sábados, o programa é exibido às 11h e 17h, e aos domingos, às 17h.

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Veja a íntegra do programa:

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