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Casa Branca e estado da Califórnia travam batalha judicial em meio a onda de protestos

13/06/2025 06h26

A tensão entre a Casa Branca e o estado da Califórnia chegou ao auge nos tribunais nesta quinta-feira (12), com uma sequência dramática de decisões judiciais. Uma ordem contra Donald Trump, que exigia a devolução do controle da Guarda Nacional ao governo estadual, foi suspensa por um tribunal de apelação apenas uma hora após ser emitida por um juiz federal.

A tensão entre a Casa Branca e o estado da Califórnia chegou ao auge nos tribunais nesta quinta-feira (12), com uma sequência dramática de decisões judiciais. Uma ordem contra Donald Trump, que exigia a devolução do controle da Guarda Nacional ao governo estadual, foi suspensa por um tribunal de apelação apenas uma hora após ser emitida por um juiz federal.

Cleide Klock, correspondente da RFI em Los Angeles

Na noite de quinta-feira, a disputa entre o governo federal e a Califórnia teve uma reviravolta jurídica em ritmo acelerado. Primeiro, o juiz federal Charles Breyer determinou que Donald Trump deveria devolver ao estado o controle da Guarda Nacional, já que o presidente mandou 4.000 membros da Guarda sem o consentimento do governo local.

A decisão entraria em vigor ao meio-dia desta sexta, mas a Casa Branca entrou rapidamente com recurso no Tribunal de Apelações, que suspendeu temporariamente a decisão enquanto o caso é analisado. A medida está pausada e uma audiência foi marcada para a próxima terça-feira (17).

Senador algemado

Na tarde desta quinta, em uma coletiva de imprensa, no prédio do FBI, em Los Angeles, o senador democrata da Califórnia, Alex Padilla, foi algemado e colocado para fora de uma sala onde acontecia uma entrevista coletiva da secretária de Segurança Interna, Kristi Noem. Ela falava em "libertar Los Angeles" quando o senador entrou para fazer uma pergunta, justamente sobre esse imbróglio da presença da Guarda Nacional, quando foi imobilizado, algemado e jogado no chão pelos seguranças.

A secretária disse que não conhecia o senador, por isso houve o "incidente", nas palavras dela. Padilla é filho de mexicanos, é um dos dois senadores da Califórnia hoje no congresso, foi secretário de Estado e é o primeiro latino a presidir a Subcomissão de Imigração, Cidadania e Segurança de Fronteiras do Senado.

O episódio expôs ainda mais a profundidade da crise e acirrou o debate sobre os limites do uso da força e da autoridade federal sobre os estados. Diversas autoridades, inclusive senadores republicanos, criticaram o incidente. "Ver o jeito como ele foi conduzido para fora da sala é errado e doentio", declarou a senadora republicana Lisa Murkowski.

Final de semana de protestos

Nesta sexta, Los Angeles entra no oitavo dia de manifestações. A prefeita Karen Bass impôs toque de recolher em uma área de 2,5 quilômetros quadrados do centro da cidade que teve início na terça-feira, depois que alguns estabelecimentos comerciais foram saqueados - o que provavelmente não tem relação com os protestos.

Na maioria, as manifestações ocorrem de forma pacífica e em uma área muito pequena do centro, nos arredores da prefeitura e do centro de detenção federal.

Este sábado (14) deve ser intenso em todos os Estados Unidos. De um lado, grandes protestos estão sendo organizados em várias cidades, com manifestantes se opondo às recentes ações do ICE (polícia de imigração) e à presença de forças federais nas ruas.

De acordo com os organizadores do movimento "No Kings" (Sem Reis, em tradução livre), estão sendo programados protestos em cerca de 2.000 locais em todo o país. A expectativa é que seja o maior protesto deste segundo mandato de Trump, e os líderes locais fazem apelos para que seja pacífico e não dar munição ao presidente republicano.

Neste mesmo dia, Washington se prepara para uma parada militar em comemoração aos 250 anos do Exército dos EUA que coincide com o aniversário de 79 anos do presidente Donald Trump, o que deve atrair apoiadores do governo e aumentar ainda mais a polarização.

Mundial de Clubes

No sábado acontece também a abertura da Copa do Mundo dos Clubes, na qual participam 32 times sendo quatro brasileiros: Botafogo, Flamengo, Fluminense e Palmeiras e há expectativa de que agentes de imigração realizem batidas nos estádios durante os jogos.

Muitos torcedores estão com medo de irem a locais visados, com presença de grande quantidade de latinos. E, massivamente, quem vai a jogos de futebol nos Estados Unidos são estrangeiros. A Fifa já baixou o preço dos ingressos por falta de procura: o setor mais barato, por exemplo, caiu de 359 para 69 dólares.

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