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Mundo volta a registrar temperaturas altas na terra e nos oceanos no mês de maio

10/06/2025 23h59

O calor se manteve como a nova regra no mundo durante o mês de maio, tanto em terra quanto nos mares, muitos dos quais seguem experimentando temperaturas "inusitadamente elevadas" como há mais de dois anos. 

Embora tenha voltado a se situar abaixo do limite de 1,5°C de aquecimento em comparação com a era pré-industrial, o mês ado foi o segundo maio mais quente da história, logo atrás de maio de 2024, segundo o observatório europeu Copernicus.  

Esteve marcado por uma temperatura média de 15,79°C, ou seja, 0,12°C mais fresco que o recorde registrado há um ano, mas ligeiramente mais quente que maio de 2020, que ocupa o terceiro lugar.  

O mesmo registro ocorreu nos oceanos: com 20,79°C na superfície, maio também foi o segundo mais quente da história recente, atrás apenas de maio de 2024. 

Mas essas temperaturas permaneceram "inusitadamente altas" em muitos mares e bacias oceânicas, segundo Copernicus. 

"Grandes áreas no nordeste do Atlântico Norte, que sofreram ondas de calor marítimas, registraram temperaturas superficiais recordes para o mês. A maior parte do Mar Mediterrâneo estava muito mais quente que a média", destacam os especialistas. 

A saúde dos oceanos está no foco da terceira Conferência das Nações Unidas dedicada a eles (UNOC), que acontece atualmente em Nice, na França. 

As ondas de calor marítimas podem provocar migrações e episódios de mortalidade em massa de espécies, degradar os ecossistemas, mas também reduzir a capacidade das camadas oceânicas para se misturarem entre o fundo e a superfície, dificultando assim a distribuição de nutrientes. 

Os oceanos, que cobrem 70% da superfície do planeta, também atuam como reguladores do clima terrestre. Águas mais quentes provocam furacões e tempestades mais violentas, causando destruição e inundações. 

Copernicus aponta que a primavera foi muito contrastante na Europa em termos de chuvas. 

"Algumas partes da Europa experimentaram seus níveis mais baixos de precipitações e umidade do solo desde pelo menos 1979", indicam os especialistas. 

A primavera bateu vários recordes climáticos no Reino Unido, e uma seca não vista em décadas também tem afetado a Dinamarca e os Países Baixos há várias semanas, o que faz temer pelas colheitas agrícolas e pelas reservas de água. 

Mais da metade (52%) dos solos da Europa e da bacia do Mediterrâneo sofriam com a seca no final de maio, um recorde mensal desde que as observações começaram em 2012, de acordo com dados do Observatório Europeu da Seca (EDO).

- 'Breve respiro' -

O mês ado registrou uma temperatura de 1,40°C acima da média dos anos 1850-1900, que correspondem à era pré-industrial, antes que o uso maciço de energias fósseis aquecesse o clima de forma duradoura. 

"Maio de 2025 interrompe uma longa sequência inédita de meses superiores a 1,5°C" de aquecimento, ressalta Carlo Buontempo, diretor do serviço de mudança climática do Copernicus (C3S). 

Esse valor é um limite simbólico, estabelecido no Acordo de Paris contra as mudanças climáticas. 

"Isso talvez ofereça um breve alívio para o planeta, mas espera-se que o limite de 1,5°CC volte a ser superado no futuro próximo devido ao aquecimento contínuo do sistema climático", destacou. 

Em um período de 12 meses (junho de 2024-maio de 2025), o aquecimento chega a 1,57°C em relação à era pré-industrial.

No entanto, as temperaturas mencionadas no histórico acordo de 2015 são compreendidas em longos períodos, normalmente como uma média de 20 anos, o que permite suavizar a variabilidade natural de um ano para o outro.

Os cientistas consideram que o clima atual aumentou em pelo menos 1,3°C de média. 

Os especialistas ressaltam a importância de conter o máximo possível o aquecimento global, já que cada fração de grau adicional implica mais riscos como ondas de calor ou a destruição da vida marinha. 

Limitar o aquecimento para 1,5°CC em vez de 2°C permitiria limitar significativamente suas consequências mais catastróficas, segundo o IPCC. 

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© Agence -Presse

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