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Lula diz que se Macron vê problema em Mercosul-UE 'deve fazer proposta'

do UOL

Do UOL, em São Paulo

07/06/2025 09h13

O presidente Lula (PT) disse na manhã de hoje que se o presidente francês Emmanuel Macron vê problemas no acordo entre Mercosul e União Europeia deve fazer uma proposta ao conjunto de países que integram os blocos. O petista está na França desde a quarta-feira (4) para uma visita de Estado e encontros com empresários.

O que aconteceu

Lula ressaltou em conversa com jornalistas que o acordo não é entre Brasil e França e sim entre 31 países que integram os blocos econômicos. "O companheiro Macron, se tem algum problema que ele acha que fere os pequenos produtores ses, acho que o negociador do Macron, na União Europeia, deve fazer a proposta", afirmou.

Presidente disse ainda que Macron se queixa de acordo firmado no governo ado. "Nem nós aceitávamos. É importante lembrar que o Macron se queixa de um acordo que foi feito pelo governo brasileiro anterior com a União Europeia", afirmou o brasileiro. "Quando nós tomamos posse, a gente não aceitou aquele acordo. E, por isso, nós fizemos mudança."

Lula disse que França teme que agricultura do país teme cenário de competição com agronegócio brasileiro. "O agronegócio já exporta para cá o que eles produzem", disse o presidente brasileiro em defesa do acordo. "O que eu disse ao presidente Macron é que seria importante que os agricultores ses se reunissem com os agricultores brasileiros, porque, ao invés de antagonismo, a nossa agricultura pequena e média possivelmente tenha muita complementaridade."

Presidente brasileiro tem dito que "política comercial é uma via de duas mãos". Segundo ele, produtores brasileiros e ses devem se reunir em uma mesa de negociações. "O acordo tem que ser coletivo. Não quero que o produtor brasileiro prejudique o produtor francês, quero que a gente se encontre e veja onde é que está o problema. Não é ideológico, é simplesmente econômico."

Em viagem à França, Lula tem se mobilizado pela realização de um acordo comercial entre União Eurpeia e Mercosul. Lula disse que não deixará a presidência do Mercosul sem um acordo com a União Europeia nas coletivas que realizou no país. Ele pediu que o presidente francês "abra o coração" para que o acerto entre os blocos de países seja sacramentado.

França se opõe ao acordo Mercosul-UE em "sua forma atual". Ontem, os profissionais do setor agrícola pressionaram e exigiram que Macron reafirme sua rejeição diante de Lula. Macron chegou a dizer que o acordo impõe risco a setores ses. "É bom para muitos setores, mas comporta riscos, porque países do Mercosul não estão no mesmo nível de regulamentação. É uma discrepância, não na competitividade e qualidade, mas na regulamentação", afirmou.

Proposta à ONU para Rússia e Ucrânia

Lula disse que propôs ao secretário-geral da ONU, António Guterres, construir proposta de acordo entre Rússia e Ucrânia. "Propus ao Macron fazer uma conversa com o Guterres: ele visitar a Ucrânia junto com alguns países emergentes, ouvir [presidente da Ucrânia, Volodymyr] Zelensky, ouvir o [presidente da Rússia, Vladimir] Putin, construir proposta de acordo e colocar na mesa", disse Lula. "Os dois não estão em condições de dizer o que querem, alguém de fora poderia dizer o que querem."

Presidente brasileiro voltou a comentar os ataques de Israel a Gaza. "Eu fico pasmo com o silêncio do mundo diante de Gaza", disse. Em viagem à França, Lula se Lula se emocionou ao defender a Palestina. Em outra coletiva de imprensa, ele disse que Israel comete "genocídio premeditado" contra mulheres e crianças na Faixa de Gaza.

Petista disse que palestinos não podem ser tratados como "cidadãos de segunda categoria". '"São seres humanos como todos nós. Estamos vendo um genocídio na nossa cara todo santo dia", criticou o petista. Ele também fez críticas à ONU e disse que as Nações Unidas "não têm força para criar o Estado Palestino".

COP30 e questões ambientais

Lula também voltou a citar a COP30 e a Amazônia. "Resolvemos fazer a COP na Amazônia, porque eu quero que o mundo veja a cara da Amazônia", disse. Ele criticou os países desenvolvidos pela emissão de carbono. "As pessoas têm que saber que o mundo rico tem uma dívida com o meio ambiente porque se industrializaram há mais de 200 anos, e se industrializaram às custas da carbonização do planeta, tem que pagar um pouco agora para descarbonizar."

Petista afirmou que se o presidente dos EUA, Donald Trump, não confirmar participação na COP30, ele vai fazer contato para questioná-lo. "Se até perto o Trump não confirmar que vem, eu pessoalmente vou ligar para ele e falar "a COP é aqui no Brasil, vamos discutir esse negócio?", disse. "Os Estados Unidos são um país importante e muito rico, mas também poluiu muito, então, como é que ele não vai participar?"

Lula foi questionado sobre a tramitação de projetos de lei no Congresso brasileiro que propõe a flexibilização de leis ambientais. Segundo ele, ainda será feito um debate sobre o projeto na Câmara. " É muito difícil um presidente da República dar palpite de uma coisa que está sendo votada na Câmara", disse. Ele defendeu que os ministros do governo deve ir à Câmara para debater. "Se a gente estiver lá brigando, a gente tem chance de fazer com que seja aprovado, uma coisa melhor do que uma coisa pior. É isso que vai acontecer."

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